Gestão rural: o que os produtores estarão fazendo no futuro?

        Provavelmente o que fazem hoje: tomando decisões, decidindo os níveis e combinações de insumos e produtos a serem produzidos, quando e como adquirir os insumos e recursos necessários, continuarão analisando os riscos e retornos em relação à adoção de novas tecnologias e novos investimentos, ajustando o tamanho das áreas de produção, buscando novos mercados para seus produtos, entre outros. Mesmo que o agronegócio envolva todas as atividades da cadeia agroindustrial: antes da porteira (sementes, defensivos, máquinas e implementos), dentro da porteira (agropecuária básica ou primária), e depois da porteira (indústria e serviços), envolvendo o processamento, a distribuição e o consumo, nosso foco é destacar a importância da gestão em nível de unidade produtiva, ou seja, dentro da porteira.

     Em 2019, segundo o cálculo do PIB do Agronegócio Brasileiro, divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a participação de cada segmento do agronegócio foi de: insumos (4,8%); produção agropecuária básica ou primária (24,1%), agroindústria (29,8%) e agrosserviços (41,2%). O que estes dados demonstram? Podemos verificar que o segmento "dentro da porteira", termo que significa a propriedade rural, a unidade produtiva, tem uma participação de 24,1% da soma de todos os bens e serviços gerados no agronegócio brasileiro.

Dados históricos sobre a participação de cada segmento já demonstravam uma "migração" da renda do segmento "dentro da porteira" para os demais segmentos (antes e depois da porteira). Isto indica que a renda (e margem) do produtor diminuiu se comparadas aos demais setores do agronegócio.

     Este contexto sugere que, além dos aspectos citados no início do texto, para novos problemas gerenciais, maior atenção deve ser dispensada à gestão. Um produtor de sucesso não pode simplesmente memorizar respostas a todos os problemas, nem pode fazer exatamente o que seus pais faziam. Alguns produtores tomam decisões por hábito e, talvez, suas decisões funcionaram no ano passado e também neste ano e, com alguma sorte, no ano que vem novamente. No entanto, os bons gestores aprendem a estar sempre repensando suas decisões à medida que as condições econômicas, tecnológicas e ambientais mudam. O que sabemos é que estes produtores continuarão tomando decisões. A diferença é que eles tomarão estas decisões mais rapidamente e com informações mais precisas. Todos os dias são bombardeados por novas informações relativas a preços, clima, tecnologia, regulamentações e preferências dos consumidores. Essas informações afetam os seus negócios: quais commodities produzir? Como produzi-las? Quais insumos usar? Quanto usar de cada insumo? Como financiar as atividades? E como, onde e quando comercializar seus produtos?

     Informações novas são vitais para tomar novas decisões, frequentemente fazendo com que se reconsiderem velhas estratégias gerenciais. Tudo isso deve ser feito enquanto se equilibra a necessidade de auferir lucro no curto prazo, uso mais racional e eficiente (combinação mais lucrativa) dos insumos para obter resultados contínuos  com a necessidade de preservar recursos produtivos e a questão ambiental.

REFERÊNCIAS

Agronegócio - Sociedade Nacional de Agricultura. Disponível em <https://www.sna.agr.br/ agronegocio/>. Acesso em 12-Out-21.

COSTA, F. P.; PEREIRA, M. de A. Ferramentas de gestão para a pecuária de corte In: ROSA, A. do N.; MARTINS. E. N.; MENEZES, G. R. de O.; SILVA, L. O. C. da (Ed.). Melhoramento genético aplicado em gado de corte: Programa Geneplus-Embrapa. Brasília, DF: Embrapa; Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2013. Capítulo 8. p. 87-95.

Kay, Ronald, D. et al. Gestão de Propriedades Rurais. Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2014.

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Curso técnico em agronegócio: administração rural. Brasília: SENAR, 2015. 10 p. : il