Conceitos e Importância do SPDP no Brasil e no mundo - parte 1

O Sistema Plantio Direto na Palha, ou Sistema de Semeadura Direta na Palha, o qual não é uma técnica isolada, mas sim um conjunto de práticas, foi arduamente desenvolvido e exaustivamente estudado em nosso país, para garantir não apenas sustentabilidade e equilíbrio à nossa agricultura, mas também no período recorde de 40 anos, impactou de forma profunda nos níveis de produtividade média nacional, transformando o Brasil simplesmente no maior produtor de alimentos do mundo, além dos benefícios ambientais onde, à partir da ampla adoção do novo sistema, reduzimos nossas emissões de CO2 à atmosfera em nada menos que 60% pela simples redução no consumo de combustível, também lembrando que, cada vez que aramos a terra, reduzimos o teor de Material Orgânico (Carbono no solo), em 50%.

Conceitos e Importância do SPDP no Brasil e no mundo - parte 1
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“Não são as espécies mais fortes nem as mais inteligentes que sobrevivem, mas sim as mais responsivas às mudanças” 

Charles Darwin

 

     Desde a formação do reservatório da represa Hidrelétrica de Itaipu, em 1982, a mesma monitora as condições de suas águas e constata um processo contínuo de assoreamento, causado pelo aporte de sedimentos levados pela erosão do solo, resultando em progressiva perda de capacidade de acumulação no lago. Só para dar uma idéia, na sua cabeceira, os cursos d’água oriundos do município de Guaíra, tem aportado em torno de 6 milhões de toneladas de solo por ano, somando-se à estimados 89 milhões de toneladas pelos rios Ivaí, Piquiri, São Francisco Falso e  São Francisco Verdadeiro (que nasce em Cascavel).

     Cientistas da área de Geologia e também das ciências agrárias, informam que a natureza leva em torno de 500 anos para construir uma camada de 1 cm de solo, entretanto com uma agricultura mal executada, pode-se perder toda esta camada de solo para dentro dos rios e mares, em apenas uma chuva intensa de 100 mm/h (exatos 100 litros de água por m2 de superfície).

     Citando apenas nosso estado do Paraná, que foi povoado inicialmente nos anos 1930 e teve sua cobertura arbórea (Mata Atlântica), quase totalmente retirada em duas décadas de desmatamento, para a implantação da cultura do café predominantemente, sendo obrigado a migrar para as grandes culturas de grãos à partir da grande geada de 1975, utilizando a tecnologia disponível naquela época, que era simplesmente a cópia do que se fazia (e ainda se faz) no hemisfério Norte do planeta, áreas de clima temperado, onde geralmente neva no inverno e há a necessidade real de revolvimento do solo, para que as sementes recebam calor necessário ao processo biológico de germinação e emergência.

     Entretanto, na grande maioria do território brasileiro, temos clima tropical úmido, com um regime hídrico que varia de 1.300 a 2.000 mm/ano, o que torna a degradação de toda a cobertura existente em nossas terras (material orgânico), extremamente mais rápida e intensa do que a degradação nas áreas agrícolas do hemisfério Norte ou no extremo sul do hemisfério Sul, onde chove menos e as temperaturas são bem mais baixas. 

     Então concluímos, que realmente não poderíamos simplesmente copiar a forma de fazer agricultura, baseada no revolvimento da camada superior do solo, pois isso simplesmente é inadequado à nossa realidade e simplesmente nos estava levando à plena degradação de nosso principal recurso produtivo, que é justamente o solo.

  Figura 1: solo erodido em sistema de cultivo com revolvimento de solo. Foto de Ronaldo Antunes   

     O Sistema Plantio Direto na Palha, ou Sistema de Semeadura Direta na Palha, o qual não é uma técnica isolada, mas sim um conjunto de práticas, foi arduamente desenvolvido e exaustivamente estudado em nosso país, para garantir não apenas sustentabilidade e equilíbrio à nossa agricultura, mas também no período recorde de 40 anos, impactou de forma profunda nos níveis de produtividade média nacional, transformando o Brasil simplesmente no maior produtor de alimentos do mundo, além dos benefícios ambientais onde, à partir da ampla adoção do novo sistema, reduzimos nossas emissões de CO2 à atmosfera em nada menos que 60% pela simples redução no consumo de combustível, também lembrando que, cada vez que aramos a terra, reduzimos o teor de Material Orgânico (Carbono no solo), em 50%.

 Três pilares ou colunas fundamentais para execução correta do SPDP:

  1. Não revolvimento do solo;
  2. Cobertura permanente de palhada no solo;
  3. Rotação de culturas permanente.

Alguns benefícios proporcionados pela adoção do SPDP no sistema de produção:

  1. Considerável redução no processo de erosão do solo;
  2. Maior conservação da água no perfil do solo (redução de perdas com estiagens);
  3. Redução na emissão de Carbono na atmosfera pelo não revolvimento do solo;
  4. Redução considerável na emissão de gases oriundos da combustão dos motores;
  5. Redução na amplitude térmica na superfície do solo (diferença entre a maior e menor temperatura);
  6. Incremento considerável na biologia do solo (aumento nas populações de micro, meso e macrofauna,além de bactérias e fungos benéficos aos cultivos);

     Concluindo a primeira parte, gostaríamos também de citar, que temos uma questão mais discutida e polêmica do SPDP, fonte das maiores discussões do agronegócio com as entidades que defendem a ecologia, que é da necessidade real do uso do herbicida Glifosato, sem o qual neste momento, simplesmente teríamos que voltar a executar agricultura convencional com revolvimento do solo, consequentemente o retorno da erosão do solo e também do aumento das emissões de CO2 na atmosfera…